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 ~ Crossroads ~ | One shot

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~ Crossroads ~ | One shot Empty
MensagemAssunto: ~ Crossroads ~ | One shot   ~ Crossroads ~ | One shot EmptySex Set 12, 2008 8:04 pm

Título: Crossroads
Autora: Cats
Par: Bill/Tom
Género: Twincest, One Shot, Angst, Drama, Fantasia
Classificação: É leve, mas como gosto de jogar pelo seguro, + 13
Sumário: Por vezes temos que nos desprender de todas as dúvidas e deixá-las para trás, para que consigamos olhar para aquilo que queremos, como algo certo, inevitável, incontornável e bom.
Nota da Autora: Enfim, este Shot está repletinho de drama. É das coisas mais infelizes que já escrevi (foi escrito durante uma noite de insónia, por isso estão a ver), mas uma vez que está feito e que não o vou apagar, posto.
~ Quem não gosta de descrições e reflexões pessoais, não é aconselhado a sequer começar a leitura.
~ Quem começar a ler e desistir a meio, compreendo xD
~ Vai ficar divido em 2 post's, uma vez que é enorrrmeeeeee.
Um beijinho para todas e coise... aqui fica:



~ Crossroads ~

~ Crossroads ~ | One shot Bill_u12


Percorro as ruas calmas e vazias, olhando em volta e apreciando tudo o que me rodeia. O verde das folhas que ondulam suavemente nas árvores, o azul do céu que se inclina sobre mim, o cinzento dos prédios que me rodeiam e até o preto do carvão que cobre as estradas por onde caminho. Tudo me parece extraordinariamente belo e singular neste dia, tudo me parece merecedor do meu amor e devoção.
Apesar da chuva que ameaça cair, expondo-me assim à sua frieza e humidade inevitáveis, não me vejo a fazer outra coisa que não esta, num dia como este: caminhar. Sem destino, sem rumo predefinido, sem rota traçada ou orientação apurada. Apenas ando, sem notar que as minhas pernas se movem rapidamente, mesmo sem qualquer tipo de ordem interior; sem prestar atenção aos meus braços, que acompanham alegremente as minhas passadas, balançando ao ritmo a que as minhas ancas dão vida; ou à minha cabeça, que pende para lá e para cá, fazendo com que o cabelo negro ondule com os seus movimentos desajeitados. Não ligo aos carros que apitam, apelando ao meu bom senso. Eles não percebem, ninguém percebe. Se há coisa que não quero ter agora, é bom senso; se há coisa que quero esquecer, é que tenho consciência.

Hoje, levantei-me decidido a viver, decidido a abandonar quaisquer protótipos ou paradigmas. Hoje levantei-me para sentir o vento bater na minha cara e acariciar os meus longos cabelos, para me deixar submergir pela chuva e fazer com que com ela se esvaia tudo o que me preocupa e angustia. Sim, hoje levantei-me para viver. E viver é tudo o que vou fazer.
As ruas parecem menos escuras à medida que me aproximo do destino que agora conheço. Deixo de sentir a chuva, deixo de me abandonar ao vento. Volto a perceber quem sou e a lembrar-me qual o objectivo que me move. Então o receio apodera-se subitamente de mim: o medo de desistir torna-se aterrador, mas a vontade de aguentar e seguir em frente consegue ser mais forte do que tudo.

Faço uma paragem e fecho os olhos, para respirar fundo e apreciar o ar que entra dentro de mim, trazendo sorrateiramente algumas gotas da chuva clandestina. E então algo me atinge. Desistir? Já desisti de demasiadas coisas importantes na minha vida, e por isso, mantenho-me firme na ideia de que nada me fará voltar atrás. Não. Já percorri demasiadas ruas para renunciar agora, já apanhei tanta chuva que não é o medo de me molhar que me pode demover.

Expiro, e faço com que, com o ar, saiam todas as dúvidas e hesitações. Sem elas, sinto-me renovado, pronto para terminar a minha caminhada, pronto para chegar ao meu destino e fazer com que tudo tenha valido a pena.
Será que vale? A verdade é que não sei. Mas também é verdade que nunca poderei saber, se não chegar até ao fim. Sim, posso estar pronto para muitas coisas na vida, mas não estou com certeza preparado para viver no meio de incertezas. Não fui talhado para me manter sentado, à espera que o destino decida o meu futuro e mo ponha nas mãos, não fui feito para viver entre “se’s” e suposições infundadas. Não. Eu fui feito para viver, e é isso que vou fazer hoje.

Volto a fazer uma paragem que não estava nos meus planos, desta vez por ser inesperadamente invadido por uma recordação que em tudo influência o meu estado de espírito. Fecho as mãos e serro os punhos, fazendo força para avançar; mas a minha mente impossibilita-me de esquecer. Descontraio então as mãos e permito-me ser assolado pelas memórias.

[ Flashback ]

- Eu não te percebo! – Andava de um lado para o outro naquele quarto de hotel, afastando mecanicamente o cabelo que teimava em cair-me para cima dos olhos. – Dizes que queres estar comigo, que estás disposto a ultrapassar todos os obstáculos ao meu lado, e depois à primeira oportunidade agarraste a uma miúda qualquer! – Sentia-me revoltado, quase prestes a sair e a bater com a porta, para nunca mais voltar. Eu tinha mudado por aquela pessoa. Tinha sofrido e tinha-me mostrado disposto a continuar a sofrer por ignorar a minha consciência e ficar com ela.

- Bill, eu não consigo lidar com isto! – Replicou Tom, enquanto atirava a sua frustração para o chão, juntamente com um cinzeiro de vidro. – Eu sou um homem, merda! Sempre adorei miúdas, sempre vibrei com um bom par de mamas e com um rabo perfeito. O que é que se passa comigo para estar a deixar isto acontecer? – Sentou-se pesadamente na cama e resguardou a cabeça por entre os braços escanzelados.

- Não achas que devias ter pensado nisso antes de me pedires para viver isto contigo? – Perguntei, não conseguindo sentir pena do meu irmão gémeo. Não conseguindo esquecer o quanto insistira para me fazer ultrapassar as dúvidas, o quanto me incitara a fazer aquilo que eu sempre considerara errado; e o quanto tinha atirado as suas juras de apoio e amor eterno ao vento mal se deparara com as suas primeiras incertezas.

Não era justo. Não era certo que me estivesse a fazer passar por aquilo. Não era correcto que me tivesse arrastado para aquele caminho e agora estivesse a tentar escapar dele sozinho, à primeira hesitação.

- Eu não estava a pensar, Bill. – Elevou um pouco a cabeça e fez com que o seu olhar se erguesse até perto do meu, sem conseguir focar-se nele, contudo. – Eu não podia estar bem. Agora sim, vejo as coisas. Foi uma loucura, Bill, uma loucura!

- Uma loucura, Tom? – Repeti, sentindo-me incrédulo com o que acabara de ouvir. – Uma loucura foi eu ter acreditado nas tuas palavras. Loucura foi eu ter pensado que tu nunca ias duvidar de nós e ias estar sempre pronto para me agarrar quando as minhas certezas se desmoronassem. Loucura foi eu sequer ter pensado que tu algum dia podias levar promessas e juras a sério. – Afastei-me um pouco mais dele, andando lentamente para trás. – Eu sou é estúpido!

Aproximei-me da porta e saí do quarto, sem voltar a proferir uma única palavra. Tudo estava dito. As decisões estavam tomadas, agora só faltava deixar de sentir.
Ia conseguir? Não sabia. Mas sabia que tudo aquilo me enfurecera como nada o conseguira antes. Sabia que nunca mais conseguiria voltar a acreditar nas palavras do meu irmão, e isso, de certo modo, acalmava-me. Não queria voltar a acreditar.

Entrei no meu quarto e atirei-me para cima da cama, silenciosamente. Tal como tinham abafado o meu peso ao cair, os cobertores grossos dissimularam ainda as lágrimas que ditaram as horas seguintes. Fiquei ali durante o resto da noite. Pareceram-me dias, quiçá semanas infindáveis; mas o luar profundo depressa me obrigou a levantar para o observar. Nada poderia acalmar-me como a noite. Assim, estrelada e brilhante; ofuscada por pequenos pontos luminosos cravados num fundo negro, apaziguante.

Era de manhã quando algo me fez despertar daquele estado de apatia propositada. Os raios de Sol começavam a penetrar timidamente no quarto, acariciando a minha face com a sua passagem. Saltei do parapeito da janela e abri prontamente a porta, esquecido de quem poderia ser.

Quando já tinha afastado a porta, arrependi-me de o ter feito. A figura alta olhava-me atentamente, fazendo com que os seus olhos cintilassem à medida que desciam pelo meu corpo abaixo; a face pálida demonstrava que também ele não tinha tido uma noite fácil. Virei as costas, tentando não sentir compaixão por ele, e permiti que se mantivesse à entrada do quarto.

- Eu estive a pensar e… – Deu um passo, mas ao ver a minha expressão determinada voltou atrás. Só ele sabia como interpretar de forma correcta as minhas acções. – Foi um momento de fraqueza. – Desabafou, por fim. – Eu quero isto, eu quero que tudo corra bem; e só tenho que te pedir desculpa por ter pensado só em mim. – Impossibilitado de me fixar directamente, concentrou-se nas suas próprias mãos e estudou-as atentamente. - Tu és o meu mundo, Bill. Não há como o esconder, não há como o evitar.

Um longo e perturbante silêncio apoderou-se da divisão. Apenas o vento soprava, dando ares de melancolia a toda a situação, fazendo com que o passar do tempo soasse quase que arduamente. Inesperadamente, senti-me iluminado pela luz do Sol, que parecia estar a ser fatalmente atraída pelo meu corpo, como que para me dar força para o que me estava a preparar para fazer.

- Pois a mim parece-me que vais ter que arranjar maneira de esconder e evitar… – Sentia-me a fraquejar, mas toda a minha determinação ajudava-me a manter-me de pé, direito, sem ceder. – Porque eu não estou pronto para isto. Não estou pronto para lidar com mais desilusões, ou para aguentar-me sozinho nos teus momentos de dúvida. – Aproximei-me da pequena e baixa mesa de madeira e peguei no maço de tabaco que tinha lá pousado. Seleccionei meticulosamente um dos cigarros iguais e falei uma última vez antes de sair para a varanda. – Sabes que mais? Ainda bem que tiveste o teu momento de fraqueza e dúvidas, porque só me fez ver que nenhum de nós está preparado para isto.

Saí para o calor abafado da rua, sentindo-me imediatamente envolvido pelo ar quente e fresco ao mesmo tempo. Não voltei a olhar para trás, mas soube sentir a falta de algo de maneira súbita; e foi esse repentino sentimento de perda que me disse: o Tom tinha ido embora. Nada voltaria a ser igual.

[ Fim de Flashback ]


Última edição por Cats em Sex Set 12, 2008 8:07 pm, editado 2 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: ~ Crossroads ~ | One shot   ~ Crossroads ~ | One shot EmptySex Set 12, 2008 8:04 pm

Chego finalmente ao que agora sei ser o destino que havia traçado mentalmente. Admiro o prédio magnificente que cobre a rua com a sua sombra escura e varro as janelas com o olhar até encontrar aquela que deduzo ser a que procuro. As luzes estão apagadas, mas o vidro está aberto, como que convidando o vento a entrar.

Inspiro bem fundo antes de ganhar coragem e continuar o meu caminho, coisa que acontece mais cedo do que esperava. O subir das escadas tornou-se secundário na sua facilidade, pois ao contrário do que pensava, o cansaço parece ter-me abandonado. Tudo me guia para este objectivo. Todo o Universo foi programado para me fazer avançar e não me permitir voltar atrás.

Não volto. Na verdade, tal ideia não me passa pela cabeça. Surpreendo-me a mim mesmo por isso, assim como me surpreendi por ter conseguido permanecer quase dois meses sem a minha alma gémea. Senti-me vazio, é certo, mas consegui fazê-lo; e tudo graças ao orgulho que nos separou.
Não foram dois meses que passaram facilmente. Estar sem o Tom foi como permitir que me sugassem o ar, foi como ter duas mãos a rodear o meu pescoço e senti-las apertá-lo mais e mais a cada minuto, a cada segundo. Viver sem o Tom foi como deixar que me arrancassem o chão dos pés, e assim, flutuar num vazio que ameaçava deixar-me cair a qualquer momento. Mais que isso, estar sem ele foi como rebolar no âmago da solidão durante dois meses, foi como abandonar-me ao desespero eminente até ganhar forças para me erguer e continuar.
Senti tudo como uma longa e pesarosa vida, e os tempos em que vivi assim foram o suficiente para me fazer ver que não quero ser só eu. Até porque eu não sou eu sem o Tom ao meu lado. Nós somos mais que um, somos mais que irmãos, mais que amantes, mais que amigos inseparáveis; somos almas gémeas.

Agarro-me com todas as forças a esta certeza e faço com que o turbilhão de pensamentos expulse quaisquer receios. O gesto seguinte é quase mecânico, e na verdade só dou por ele quando a minha mão amolece, após ter sido arremessada contra a porta de madeira que se afigura à minha frente. A consciência abate-se sobre mim quando a divisa que me separa do meu irmão é arrastada com uma lentidão interminável, quase propositada. Apercebo-me então de que nunca estive tão vazio, tão desprovido de razão. Olhar para o Tom faz-me ter sede dos nossos momentos e de tudo aquilo em que me torno quando estou com ele.
Não tento evitar o contacto visual. Inclusive, sou eu que procuro prender o olhar dele no meu, fazê-lo mergulhar na minha alma e talvez fazer com que perceba o que faço ali, sem que sejam precisas quaisquer palavras.

Subitamente, sinto-me a fechar, talvez devido ao meu sempre activo mecanismo de defesa, que me adverte para a forte probabilidade de sofrimento que o facto de estar ali implica. Olho para Tom e analiso cuidadosamente cada aspecto do seu ser; entro dentro dele, reviro todas as suas entranhas e pensamentos por proferir. E então percebo que nada há a temer. Nada mais me pode convencer do seu arrependimento do que a maneira como percebe que as palavras de nada valem naquela situação. Nada me pode fazer esquecer como a maneira reflectida com que se aproxima de mim e reduz a milímetros o espaço que nos separa.

Travo a minha respiração, pensando que basta sentir a dele embater contra os meus lábios frios para que tudo em mim continue com vida. Sustenho a réstia de ar que sobra dentro de mim e tento fazer com que seja suficiente para alimentar todos os elementos racionais do meu ser. Pouco depois apercebo-me da inutilidade dos meus gestos, pois o meu corpo grita por irracionalidade, implora por um pouco do que não é certo.

Fecho os olhos e gravo a imagem que acabei de fotografar mentalmente: a face do meu irmão perto da minha, quase que reflectindo um pouco da minha palidez natural; os seus olhos escuros envidraçados nos meus, criando uma unidade singularmente inseparável; os lábios rosados que, mesmo a milímetros de distância, emanam calor e me fazem concentrar na sua perfeição quase descabida.
Tudo o que quero está aqui, na minha frente, iluminado apenas pela luz do corredor do prédio e pelos esgares de luar que entram clandestinamente através da janela aberta. O que fazer agora?

Não tenho tempo para sequer pensar nas hipóteses que tenho em mãos, pois Tom reduz aquilo que nos separava a nada e une os seus lábios aos meus. O contraste perfeito do quente da sua boca ao frio da minha é o suficiente para fazer com que eu me abandone à intensidade do seu acto. A maneira segura e decidida com que me agarra e me puxa para si é o bastante para me fazer entender qualquer ideia de complementaridade. Nada mais interessa, tudo deixa de importar; somos apenas nós: eu, Tom, e ainda a lua, que se torna assim na única testemunha da nossa rendição total.

É então que percebo que aqui as palavras não valem de nada. São pequenos conjuntos de letras que não passam disso mesmo: letras. O estudo metodológico das nossas justificações é descabido, quando comparado com a única e mais poderosa verdade que nos une. O seu gesto disse tudo, e a maneira como a sua língua continua a acariciar a minha é o suficiente para fazer com que eu continue rendido à falta de eloquência dos nossos actos.

Sinto-me ser puxado para dentro do apartamento, e logo percebo que as minhas pernas obedecem mecanicamente, como que puxadas por um íman de forças descomunalmente irrefreáveis. Sigo incondicionalmente os lábios arrebatadores que prendem os meus e, sem deixar que se afastem, fecho a porta branca, fazendo então com que nada possa interromper o nosso momento de glória, a reunificação do nosso ser.

Então, quando já não me parece possível continuar a respirar, afasto-me e abro os olhos, concentrando-me nos dele, que cedo perscrutam-me de volta. Talvez a minha expressão tenha mudado, devido ao regresso da racionalidade; e por isso ele fala, e eu não tento impedi-lo.

- Desculpa ter demorado. – Lança, deixando-me instantaneamente duvidoso em relação às suas palavras. Afinal, não tinha sido eu quem mantivera a distância durante dois meses? Não tinha sido eu quem tinha vindo ter com ele, após vários e pesarosos dias de revolta e angústia?

- Demorado a quê? – Sinto a minha sobrancelha elevar-se, num gesto que não consigo evitar. Mesmo assim, a vontade continua a ser mais forte que a dúvida, não permitindo que eu me desprenda dos braços fortes que continuam a rodear-me.

- A perceber que o certo é a vontade. – Aproxima-se tanto de mim que fecho os olhos por obra do reflexo. Sinto a pele macia dos seus lábios roçar as minhas pálpebras, como que acariciando-as meigamente. Depois, volta a falar, como se nunca algo lhe tivesse trazido tantas certezas. – Fui eu que te puxei para tudo isto, porque era o que queria. Era o que sempre quis. Depois comecei a pensar que era errado, que não podia ser, que era loucura! – Desampara a minha cintura com uma das mãos e passa-a pelo meu cabelo ainda molhado da chuva. – Agora sei que se era a minha vontade, então era o correcto. Demorei mas do que devia, eu sei. Podia tê-lo percebido sem te ter magoado, é certo; mas agora descobri, e tudo o que quero é dar uso a esta imensa vontade de viver tudo, tendo a certeza de que é íntegro. – Após ouvir as suas palavras, faço com que a minha cabeça penda pesadamente e encosto a minha testa ao seu peito ofegante. Fecho os olhos e mantenho-me quieto até ele voltar a falar. – E tu, Bill? Estes dois meses foram o suficiente para te trazer certezas daquilo que queres?

Abano ligeiramente a cabeça, fazendo com que a minha testa roce no tecido da sua t-shirt cinzenta. Na verdade não foram os dois meses ou a solidão em que vivi com o seu passar que me trouxeram certezas. Por mais saudades que tivesse, por mais vazio que me sentisse, as dúvidas permaneceram irrefutavelmente…até hoje.

Não sei o que aconteceu, não sei o que pôde um dia tão normal como o de hoje ter de diferente. Mas foi a resolução de viver que tomei ao acordar que me fez colocar o pé na estrada e caminhar até aqui, até este lugar, até junto desta pessoa.
Não sou, nem nunca fui pessoa de acreditar em premonições ou coisas sobrenaturais, mas algo que diz que o que me arrastou hoje até aqui foi mais do que uma deliberação pessoal; foi mais do que uma escolha que me tivesse sido dada.
Não escolhi vir ter com o Tom, não escolhi sentir-me vivo de novo nos seus braços; mas também não é a noite que escolhe surgir todos os dias, ou as estrelas que decidem acompanhar essa mesma noite na sua queda sobre a Terra. Simplesmente acontece. De forma sobrenatural, de maneira imutável. É assim que o Universo funciona e, pelos vistos, foi assim que o Universo quis que eu me sentisse ao encontrar de novo o meu irmão.

Quererá isso dizer algo? Nada me pode convencer do contrário, pois tudo indica agora que há uma razão para tudo. Sei agora que a dúvida momentânea do Tom surgiu para que eu percebesse que quem mais precisava de certezas era eu. Os dois meses de separação que mantive ocorreram para me dar tempo para apagar todas as dúvidas que, se se mantivessem, só sucederiam como um entrave à minha felicidade. À nossa felicidade.

- Obrigado. – Digo, quase silenciosamente. – Obrigado por teres recuado, enquanto era tempo. Se não o tivesses feito, íamos andar mais concentrados nos ‘se’s’ do que em fazermo-nos felizes. – Justifico. – Se não tivesses revelado os teus medos, eu teria continuado a obrigar-me a viver com os meus, e isso teria acabado por estragar tudo. Obrigado, Tom. – Volto a repetir. – Obrigado por teres a capacidade de me fazer crescer, mesmo quando não percebes que o estás a fazer. Obrigado por teres feito com que o nosso futuro e felicidade sejam garantidos, mesmo que na altura não tenham sido esses os objectivos a moverem-te. – Pela primeira vez em dois meses, lanço a minha mão sobre a sua face e puxo-o para mim. Provoco um beijo envolvente, quase cortante na sua inebriaria. Faço com que os nossos corpos se toquem quase ao ponto das nossas peles se fundirem no calor que agora emanam. A custo, volto a separar momentaneamente as nossas bocas e termino de falar. – Obrigado por teres de bom tudo aquilo que eu tenho de mal, obrigado por fazeres com que momentos como este sejam possíveis, obrigado por me fazeres sentir isto.

Deixamo-nos ficar abraçados durante vários minutos, como que para voltar a apreender o cheiro, a respiração e o tacto um do outro. Quando nos voltamos a separar, é por iniciativa dele.

- Isso quer dizer que queres? – Questiona, fazendo com que o seu sorriso paire entre a doçura e a maldade. Vejo-o sugar ligeiramente o piercing, como que tentando fazer com que eu me concentre no seu elevado grau de sensualidade e me veja impossibilitado de voltar atrás. Impeço-o de continuar, cobrindo o pedaço de metal com a minha boca que se fecha sobre ele, e depois murmuro entre beijos:

- Quer dizer que nunca na minha vida quis tanto algo.
...

Acordo leve como uma pena, regressado daquilo que, por momentos, julgo ter sido um sonho. Deixo-me acariciar pela entrada radiante da luz do Sol e rebolo-me na cama, esquecendo-me de que não estou sozinho.
O embater do meu corpo contra o que jaz ao meu lado é suficiente para me fazer abrir os olhos e verificar que afinal o sonho tinha sido bem real.

Sorrio, à medida que o meu olhar desliza pela pele branca e visivelmente macia de Tom. Elevo um pouco o meu tronco magro e solto um beijo tímido no peito dele, para me afastar logo de seguida e voltar a deixar-me cair sobre o colchão, fazendo assim com que os meus cabelos negros se espalhem sobre a almofada branca. Observo os compridos fios negros e aprecio o modo perfeito como contrastam com as rastas loiras do meu irmão. Dou por mim a reviver mentalmente todos os acontecimentos da noite passada, e a explodir de felicidade perante a conclusão a que chego.

Voltar a adormecer é impensável. Acordá-lo parece-me burrice, uma vez que assim posso observá-lo a dormir, tão calma e pacificamente.

Quando dou por mim, divago novamente por entre noções e ideias que, desde ontem passei a considerar. Continuo a ter certezas de que tudo isto não passa do culminar de um destino que já havia sido traçado à muito. Não é à toa que nascemos como um só, não é à toa que nos sentimos almas gémeas durante toda a nossa vida.
Agora que sei isso, sei o que é ser plenamente feliz; e comprovo-o pelo simples acelerar a que o meu batimento cardíaco dá vida ao sentir uma mão ser repentinamente entrelaçada e apertada contra a minha.

- Pronto para o primeiro dia da montanha russa que vai ser a nossa vida deliciosamente repleta de loucura? – Oiço-o perguntar. Volto a mexer-me por entre os lençóis de linho e, à medida que os sinto deslizar pela minha pele, encosto a cabeça ao peito de Tom; deixando-me envolver pelo abraço matinal que deposita sobre mim. Respiro fundo antes de responder, apreendendo com atenção cada nota da sua voz melódica como o vento.

- Mais pronto do que nunca!

FIM


Última edição por Cats em Sáb Set 13, 2008 9:28 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: ~ Crossroads ~ | One shot   ~ Crossroads ~ | One shot EmptySáb Set 13, 2008 6:22 pm

Wiiii *
Eu já tinha lido noutro forum *__*
Como já disse: Ameii!
Escreve mais disto.
Das minhas OS preferidas.
@.@
Beijinho <3'
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MensagemAssunto: Re: ~ Crossroads ~ | One shot   ~ Crossroads ~ | One shot EmptySáb Set 13, 2008 7:27 pm

OMG
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OMG

* Cátia morre e renasce de novo *

estou demasiado aparvalhada para dizer algo produtivo neste momento, mas aproveito para dizer que este shot É o melhor de todos os que já li e É O MEU FAVORITOOO *O*

Estive quase a chorar ( mas não chorei, ú.ú) o que é uma proeza, porque normalmente só choro quando escrevo algo mais triste! Credo... Nem sei que dizer...

por acaso até sei...

Vou comprar a tshirt e a bandeirinha com a tua foto e fazer publicidade ao livro que está para breve ! *O*
Montar um Cats Fan Club! xD

btw, agr tou muito aparvalhada, mas quero que saibas que o teu maravilhoso texto me deu vontade de escrever *-* ( era suposto isto ser uma boa notícia!? xD)

Beijinho Cats!

Opah daqui a pouco venho aqui e edito isto, mereces melhor x)
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MensagemAssunto: Re: ~ Crossroads ~ | One shot   ~ Crossroads ~ | One shot EmptyDom Set 14, 2008 2:29 pm

~ Crossroads ~ | One shot 815401 Perfeita
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MensagemAssunto: Re: ~ Crossroads ~ | One shot   ~ Crossroads ~ | One shot EmptyDom Set 14, 2008 8:50 pm

andava a precisar de ler alguma coisa com final feliz ^^
Go Cats!! ~ Crossroads ~ | One shot 815401 continua a escrever!!!
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MensagemAssunto: Re: ~ Crossroads ~ | One shot   ~ Crossroads ~ | One shot EmptySeg Set 15, 2008 10:47 am

eu já li isto não aqui, mas já li


e está P E R F E I T A
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MensagemAssunto: Re: ~ Crossroads ~ | One shot   ~ Crossroads ~ | One shot EmptySeg Set 15, 2008 10:41 pm

Bem, eu já comentei esta espectacular one-shot *O* num outro forum, mas aproveito para dizer outra vez que adoreiiiiiiiiiiiiiiii!!!!!!!

OMG...está super linda!!! Ai as palavras, meu deus!!

Sem palavras....

Vá, continuaaa a escrever, por favor!!!! *___*

Beijinhoss e escreve muitooo *-*

** tua fã x)
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MensagemAssunto: Re: ~ Crossroads ~ | One shot   ~ Crossroads ~ | One shot EmptySáb Fev 21, 2009 5:33 pm

*.* fofaaaaaaaaaaaaaaaaaa
montanha-russa XD pois é!

kiss
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http://sofi-diary.blogs.sapo.pt/
 
~ Crossroads ~ | One shot
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